Este texto foi publicado originalmente na newsletter do Eixo XYZ.
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São angustiantes os relatos de abuso contados por Jannette McCurdy em sua autobiografia lançada no ano passado. Eternizada em seu papel como Sam Pucket em iCarly, a atriz destrincha sua infância com pais acumuladores, que resultam em uma casa tumultuada repleta de móveis, roupas e itens que não deixam espaço para convivência e, por isso, ela e seus irmãos dormem em colchonetes na sala.
Sua mãe tem câncer de mama estágio quatro e não perde a oportunidade de contar sua sofrida história para qualquer pessoa — estejam elas interessadas ou não.
“Eu não criei você pra isso. O que aconteceu com a minha doce garotinha? Onde ela foi parar? E quem é esse MONSTRO que tomou o lugar dela? Você é um MONSTRO HORRENDO agora. Eu contei aos seus irmãos sobre você e todos eles disseram que a renegam como eu. Não queremos nada com você.
Com amor, Mamãe (ou DEB, já que não sou mais sua mãe).
P. S.: Envie dinheiro para comprarmos uma geladeira nova. A nossa quebrou.“
Narcisista e controladora, a mãe dava banho em Jannette até os 17 anos, decidia tudo o que sua filha comeria e, por causa disso, a filha entrou em uma espiral de transtornos alimentares com apenas 11 anos. Era constantemente criticada em cada ação. A mãe projetava em sua filha a chance de realizar os sonhos de ser atriz, magra e muito bem sucedida, e estava disposta a passar por cima de tudo para conseguir.
Janette desenvolveu uma forte bulimia após anos de anorexia e compulsão alimentar forçadas por sua mãe. Mesmo após a morte da mãe, virou alcoolista. Levaram anos até ela reconhecer seus problemas, identificar os traumas profundos e buscar um lento e dolorido tratamento.
“E daí se estraguei tudo e comi? E daí se eu falhei? E daí, porra? Tudo o que tenho de fazer é enfiar os dedos na minha garganta e observar o erro ser desfeito. Esse é o início de algo bom.”
O livro é viciante e devorei em três dias (o que é extremamente rápido para quem não estou mais acostumado a ler tanto quanto antes), mas precisei de algumas pausas prolongadas porque a leitura me deixou tonto, enojado e genuinamente irritado.
Na sexta edição da Nos Eixos, a newsletter do Eixo XYZ, também comento sobre algumas notícias da semana, relato como minha vida sem Instagram tem melhorado um pouco mais e te recomendo três coisas para ler, ver e ouvir esta semana, incluindo a estreia de The Last of Us que pode mudar para sempre a expectativa de adaptações de jogos e o eufórico álbum Caprisongs de FKA twigs.
Leia na íntegra a Nos Eixos #6 e assine para receber uma edição por semana, toda terça-feira às 10 horas da manhã.