HomePod mini prova que tamanho não importa

HomePod mini mostra que é possível oferecer experiência de som completa, imersiva e poderosa em um tamanho compacto, mas existem limitações.

Victor Carvalho

Desde que a pandemia começou eu tenho dado cada vez mais atenção à qualidade de som em produtos ao meu redor. Primeiro porque poucas coisas conseguem me irritar tanto um áudio ruim. E segundo porque depois que você tem a experiência de ouvir música em algo de grande qualidade, você não consegue mais voltar atrás.

Depois de alguns anos utilizando caixas de som que iam de boas a medíocres e alguns meses após o lançamento do HomePod mini, disse para mim mesmo uma das frases mais perigosas que podem ser ditas: “a gente só vive uma vez”, e em seguida comprei o alto-falante inteligente da Apple. Isso aconteceu primeiro em junho de 2021, e depois em maio de 2022. E até hoje não me arrependo.

Design e acabamento

As caixas têm, na minha opinião, um dos melhores visuais para um alto-falante compacto: o tecido que envolve o corpo é bonito e não desgasta com facilidade, o modelo branco pode ser facilmente combinado em qualquer ambiente da casa e seu design não se destaca o suficiente para roubar a atenção.

Eu tinha muito receio ao comprar um modelo branco pela esperada grande facilidade em manchar o tecido, mas felizmente isso nunca aconteceu com nenhum dos dois HomePod mini que tenho. Com o tempo, é claro, o pálido tom branco de quando chegou foi substituído por um tom mais natural e amarelado devido à exposição ao ambiente — sem falar que onde vivo a terra é muito vermelha e venta muito, tornando o branco menos branco.

Ainda assim não vejo isso como um grande problema porque já esperava que tal mudança fosse acontecer. Mas se você possui tal preocupação, mantenha o dispositivo em um ambiente pouco ventilado ou escolha outras cores (além de preto e branco, o HomePod mini agora é vendido em azul, amarelo e laranja, que definitivamente o tornam muito mais chamativo que os discretos tons neutros do branco e do preto).

No topo, a Apple adiciona uma base circular sensível ao toque com LEDs que pulsam quando a Siri é ativada e quando o comando de voz é ditado; do lado esquerdo há um sinal de menos para diminuir o volume, e do lado oposto um sinal de mais para aumentar o volume. No centro, você pode realizar os clássicos comandos de mídia: tocar uma vez para parar/continuar a música, dois toques para passar, três toques para voltar e segurar por um segundo para ativar a assistente sem usar a voz.

O cabo do HomePod mini é fixo e por isso ele estará sempre preso ao corpo. Ao menos a ponta é USB-C (com carregador incluso na caixa) e fica fácil posicioná-lo em um móvel e passar o cabo por dentro de espaços apertados.

Durabilidade

Na época em que eu deixava um grande pote de água com uma planta em cima da minha mesa (um perigo, pois é), meu gato adorava beber água ali de vez em quando. Ele enfiava toda a cara mesmo quando a água estava muito baixa. E em um desses casos ele acabou derrubando todo o pote em cima do HomePod mini.

Claro que fiquei preocupado com a gigantesca possibilidade de a caixa de som queimar ou dar defeito. Mas para a minha gigantesca surpresa, nada aconteceu.

Até hoje não sei se o material externo serviu como excelente repelente e absorvente para a água que caiu em cima dele ou se eu dei muita sorte, mas essa história eu definitivamente não podia deixar de fora desse review.

Novas funções e casa inteligente

Costumo deixar o widget do app Home com a temperatura interna na Tela Bloqueada; no app, vemos com precisão a temperatura e a umidade (em caso de dois HomePod no cômodo cria-se uma média no widget da tela de bloqueio)

No começo deste ano a Apple liberou uma atualização de software com o lançamento do HomePod de segunda geração que finalmente destravou dois sensores presentes no HomePod mini desde seu anúncio: um de temperatura e outro de umidade.

Isso permite que você possa identificar a temperatura e umidade dos cômodos com facilidade e não depender de sensores adicionais para ativar recursos da casa inteligente.

Se você tiver um ar-condicionado com suporte para HomeKit, você pode ativá-lo automaticamente ao atingir os 30 °C de temperatura, por exemplo. E se a umidade estiver abaixo de 40%, você pode ativar um umidificador.

O HomePod e HomePod mini também ganharam suporte ao Matter, nova plataforma de casa inteligente que busca simplificar o processo de pareamento e controle de itens smart home, permitindo que todo dispositivo com Matter passe pelo mesmo pareamento em um aparelho com Android ou iOS.

É possível comprar tomadas inteligentes e adaptadores com HomeKit (a plataforma smart home da Apple) ou Matter (que está sendo lançado há pouco tempo e deve se popularizar até o fim do ano) para automatizar funções com maior facilidade. Assim, você pode deixar por exemplo o umidificador ativado para ligar e desligar pela tomada, ou uma cafeteira com o botão já ativado na noite anterior para você acordar com o cheiro do café na cozinha. A possibilidades são várias. E eu ainda não usei nenhuma.

Quero comprar uma tomada inteligente para ver se o dia a dia fica um pouco mais prático e se é tão fácil integrar à casa inteligente como parece. Isso fica, portanto, para um próximo Nos Eixos Review.

Por fim, a Apple oferece o recurso Transferir para o HomePod, que permite que você apenas aproxime o iPhone da parte superior do HomePod para transferir o que está sendo transmitido no iPhone. Também é possível fazer o contrário e transferir a música do HomePod para o iPhone com o mesmo movimento caso você esteja saindo de casa, por exemplo.

Esse recurso funciona melhor e mais rapidamente em celulares a partir do iPhone 11 graças a inclusão de um chip de proximidade integrado aos modelos mais recentes, mas funciona bem no meu iPhone XS.

De qualquer forma, acabei desativando a função por às vezes transferir sem querer de um produto para o outro quando eu deixava o celular mais afastado de mim e mais próximo do HomePod. Mas se você deixar do lado da cama, na sala ou na cozinha, a transferência é muito mais útil.

Áudio e qualidade de som

Antes de tudo deixo claro que não sou um audiófilo; não ligo e não me importo com cada detalhes de som que o dispositivo produz desde que ele atenda minhas necessidades básicas (que podem ser diferentes para você): não apresente distorções em nenhum volume, esteja sempre pronto para reproduzir música e tenha clareza em agudos, médios e graves sem um interferir na qualidade outro. E felizmente, para meus ouvidos, o HomePod mini tem isso tudo.

Do menor ao maior volume os vocais são incrivelmente nítidos, a separação de instrumentos é excelente e os ouvidos realmente são preenchidos pelo áudio do HomePod mini. Em volume acima do médio tudo fica melhor, diferente de opções mais barata que encontramos no mercado.

Quando você utiliza um par estéreo, posicionando dois modelos lado a lado e transmitindo som, a imersão é ainda superior graças aos dois canais criados, um para a esquerda e outro para a direita. Em músicas onde sintetizadores, vozes e instrumentos saltam de um lado para o outro a experiência é maravilhosa.

Como eu disse no começo, o som é muito balanceado, o que significa que há equivalência entre graves, vocais e instrumentos que não deixa um superar o outro, nivelando o volume para que seja possível escutar tudo. Por conta disso, para algumas pessoas o grave da equalização padrão possa parecer mais fraco que o normal visto que elas provavelmente estavam acostumadas com grave pesado capaz de vibrar mesas mesmo em volumes medianos. Para mim, a configuração de fábrica é ideal.

Mas digo com facilidade que ao lado do meu Sony WH-1000XM3 e do meu AirPods Pro, este é um dos melhores produtos de áudio que já tive na minha vida até agora e não pretendo substituir por tão cedo (só por um HomePod de segunda geração, mas pelo preço eu vou ficar longe dele por vários anos).

A Siri continua sendo a Siri…

O grande problema de ter um HomePod no Brasil pode ser a Siri, a assistente virtual da Apple. A caixa de som ainda não chegou oficialmente ao nosso país por um motivo: o português brasileiro não é suportado e não há uma forma de ativá-lo. Assim, você precisará dar comandos de voz em inglês, em espanhol ou outra lingua suportada.

Curiosamente, a assistente é a mesma que já existe no smartphone, então eu genuinamente não entendo o motivo dessa limitação. Mas vindo da Apple, onde as limitações algumas vezes existem sem motivo, não é de se surpreender.

De qualquer forma: aqui temos a Siri que todos já conhecemos. Ela é limitada, ela não é das mais inteligentes e complexas, mas é bem integrada ao ecossistema da Apple.

Eu não uso muito a assistente no dia a dia, acabo pedindo para tocar uma música, playlist ou álbum ou então peço para parar o que está tocando. Minhas lâmpadas inteligentes não suportam HomeKit (e comprei achando que suportariam), então acabo usando ainda menos por isso.

A maioria das funções faço pelo iPad Pro ou iPhone, como transferir áudio do dispositivo ou controlar música pela maior praticidade de adicionar algo à fila.

Confesso que um Amazon Echo ou Google Home é muito mais útil e fácil de usar tanto para o usuário individual quanto para família. Aqui em casa temos três Echo Dot de terceira geração espalhados pela casa, e todos também sempre funcionaram.

O ponto aqui é que eu sempre quis priorizar a qualidade de áudio, e apenas por isso consigo entender as limitações — que não me irritam ou me fazem sentir falta de algo.

…e a Apple continua sendo a Apple

Com tudo isso em mente, você ainda precisa saber que a Apple limita o acesso às plataformas de música no HomePod. É possível usar o Apple Music para tocar músicas de forma nativa. E só.

Não dá para usar o Spotify, nem o YouTube Music, e muito menos serviços como Tidal, Deezer e outros. Além da Siri, esta é uma das maiores limitações da Apple e que provam que a empresa quer que apenas usuários integrados ao seu ecossistema utilizem o HomePod Mini.

Quando comprei meu modelo já sabia disso, então não fiquei surpreso, e também já utilizava o Apple Music há anos, o que me impediu de lidar com problemas de playlists salvas em outro serviço.

Mas vale a pena?

Talvez. Se você for como eu, que já está imerso no ecossistema da Apple, utiliza o Apple Music cotidianamente em vez do Spotify ou outro serviço, e quer uma pequena caixa de som inteligente com foco total em qualidade de áudio, o HomePod mini é a melhor escolha neste recorte específico.

Ainda não tive acesso aos modelos mais recentes de Amazon Echo e de Google Nest para poder comparar, mas acredito muito que entre os competidores de tamanhos semelhantes, o HomePod mini é muito difícil de ser superado em qualidade de som.

Mas em outros quesitos, especialmente uso em português, facilidade de integração com dispositivos inteligentes, preço baixo dos acessórios suportados e variada possibilidade de uso com diferentes aplicativos de streamings, as opções da Amazon e do Google vencem com muita facilidade. E é possível que você fique mais contente com eles.


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