iPhone mais acessível da Apple precisaria sacrificar ficha técnica e acabamento, e imagino como um modelo barato de verdade poderia ser.
Desde o lançamento do primeiro iPhone o povo clama por um iPhone mais barato. Após ter falhado em 2013 com o posicionamento do iPhone 5C em um preço mais alto do que deveria custar, acertado em 2016 com o primeiro iPhone SE e ter dado ainda mais opções em 2019 com o iPhone 11 no lugar certo, ainda resta a necessidade por um modelo acessível de verdade.
Mas se você aguarda um iPhone mais barato, é melhor esperar deitado porque isso não deve acontecer tão cedo.
Citando fontes anônimas da Apple em matéria no Bloomberg, o jornalista Mark Gurman diz que “a Apple evitou essa medida por medo de diluir sua marca premium” e por isso “as discussões sobre a venda de um iPhone verdadeiramente barato não progrediram”.
Os dados fiscais da Apple para o primeiro trimestre de 2024 confirmam a esperada queda de 10% na venda do iPhone em relação ao ano anterior. Durante o fim do ano passado a empresa teve o pior desempenho em vendas na China desde 2020 com queda de 13%, e no fechamento do primeiro trimestre de 2024 a venda de celulares despencou 25% em relação ao ano anterior.
Sem um iPhone acessível, a Apple perde consumidores que poderiam dar ainda mais dinheiro à marca através de assinaturas dos seus principais serviços como o iCloud+, Apple Music e Apple One, além do grande potencial de atrair usuários ao ecossistema da empresa através do Apple Watch, AirPods, iPads e Macs.
Como fazer um iPhone barato
Extrapolando, imagino quais decisões poderiam ser feitas pela Apple para produzir um smartphone mais acessível com sacrifícios inevitáveis em construção, tela, câmeras e processamento.
Antes de tudo: posicionamento. O iPhone mais barato teria ficha técnica inferior ao iPhone SE e não poderia ser integrado à linha comum. Por isso, minha solução é retornar com o iPhone mini, mas sem números, começando da primeira geração como acontece com o iPad mini.
Com isso em mente, partimos então para o design do iPhone mini (1ª geração) que poderia ser feito em corpo único de metal para não encarecer o dispositivo com adoção de vidro na tampa traseira e não baratear demais com uso de plástico.
No painel frontal, vejo como uma grande opção a empresa abdicar do Face ID em prol de uma solução já existente no iPad 10, iPad mini e iPad Air: o Touch ID no botão de energia, mantendo a segurança sem perder a praticidade.
Embora a tecnologia OLED seja fornecido em valores mais acessíveis que nunca, uma forma de diminuir ainda mais o preço do smartphone seria adotar uma tela LCD de 60 Hz equivalente ao painel utilizado no iPhone 11 – talvez até mantendo a resolução HD para amplificar sua duração de bateria, decisão benéfica, mas controversa.
Para as câmeras, é certo que a Apple ainda destinaria o conjunto de duas lentes para os modelos comuns e três lentes para os modelos profissionais, restando então uma única lente para o iPhone mais barato – algo que já acontece com o iPhone SE.
A mudança ficaria para uso de um sensor mais antigo como o de 12 MP utilizado no iPhone 11, ainda oferecendo tecnologias de imagem como Deep Fusion, Modo Retrato, Estilos Fotográficos, Modo Noite e HDR Inteligente.
Para processamento, vejo que a Apple poderia seguir duas estratégias. A primeira seria reutilizar um chip passado como o A15 Bionic do iPhone 13 com otimizações para garantir melhor desempenho de bateria e qualidade superior em fotos e vídeos. A segunda seria diminuir a potência do seu chip atual (nesse caso, o A16 Bionic do iPhone 15) para limitar recursos.
A parte negativa da primeira estratégia seria perder tecnologias de inteligência artificial que serão cada vez mais importantes a partir de 2024.
Entretanto, isso poderia ser utilizado como uma estratégia para diferenciar os modelos mais caros e vender a dupla comum para quem busca a experiência mais completa.
Depois de tudo isso, o que nos resta seria um iPhone acessível, barato e simples em uma faixa de preço agressiva de US$ 250 (cerca de R$ 1.300 em conversão) nos Estados Unidos.
O modelo ficaria abaixo do iPhone SE (3ª geração) que custa US$ 429 e serviria para competir contra modelos populares como o Galaxy A55 5G, Moto G Power 5G, Poco X6, OnePlus Nord N30 e Nothing Phone (2a).
No Brasil, o iPhone SE é vendido a partir de R$ 4.299 e o iPhone 13 ainda pode ser adquirido no site da Apple por R$ 5.499 (custando muito menos no varejo). Para a estratégia de um modelo barato dar certo por aqui, o iPhone mini precisaria custar até R$ 2.000, algo impossível de realizar com os preços cobrados pela empresa no nosso país.
E é claro que tudo isso não passa de um delírio febril da minha imaginação fértil, já que um iPhone barato provavelmente não vai acontecer por tão cedo. Mas o motivo pelo qual a Apple não deve dar o braço a torcer ao anunciar um aguardado iPhone de entrada eu deixo para descrever em outra oportunidade.
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