The Last of Us é a adaptação que pode mudar o futuro das adaptações

Este texto foi publicado originalmente na newsletter do Eixo XYZ.
Assine a Nos Eixos, é de graça!


Se a estreia de Ruptura do Apple TV+ elevou as expectativas para as séries de 2022 logo no início do ano passado, a chegada de The Last of Us da HBO é responsável por repetir o feito este ano.

Em um impressionante primeiro episódio, vemos como a nova série de Craig Mazin (Chernobyl) e Neil Druckmann (criador do jogo The Last of Us) pode redefinir o que é uma adaptação de sucesso dos games. Se até então produções como Detetive PikachuSonic: O Filme e Arcane eram a referência em como transportar a linguagem dos jogos para cinema e séries, The Last of Us restaura a métrica e define um objetivo ainda maior que precisará ser alcançado em futuras produções. E talvez — talvez — este objetivo nunca mais seja superado.

Tudo em The Last of Us está impecável. A ambientação é incrivelmente fiel aos tempos em que se passam, a fotografia transmite pela tela o conforto ou desconforto que os personagens sentem, a trilha sonora de Gustavo Santaolalla obviamente se mantém fiel ao que o mesmo produziu há uma década para o jogo da Sony, além dos ótimos efeitos visuais e efeitos práticos que transmitem vida e morte no mundo desolador deste futuro pós-apocalíptico. A direção e o roteiro trabalham como um só, e a atuação é um show a parte.

Pedro Pascal já nos mostrou que é possível de entregar complexidade necessária para o papel de Joel em todos os seus trabalhos anteriores, seja em Narcos da Netflix, em Game of Thrones da HBO ou The Mandalorian do Disney+. Claramente não restava dúvida que ele seria um ator competente.

Bella Ramsey logo em seu papel como a valente e corajosa Lyana Mormont em Game of Thrones (algumas temporadas depois de Pedro Pascal) também se mostrou uma estrela em potencial e, aqui, não resta dúvida: ela é a Ellie. Bella Ramsey atingiu e até superior minhas expectativas em cada pequena ação, agilidade de pensamento, medo ou obstinação que estampavam seu rosto a cada novo momento.

Nico Parker, que vive a personagem de Sarah Miller (e que é uma nepo-baby, veja só, filha de Thandiwe Newton, a Maeve de Westworld), também não decepciona e entrega uma interpretação de arrepiar. Tal como no jogo, seu papel despedaça nossos corações em uma cena fiel e muito emocionante, carregada não apenas pelo peso da circunstância levada até ali pela direção e roteiro, mas também pelo peso de ter Pedro Pascal como Joel, e o sacrifício indesejado que seu personagem foi obrigado a tomar diante da situação.

The Last of Us precisa se manter na excelência do primeiro episódio para consagrar como uma das melhores séries do ano, e eu acredito que todas as expectativas serão atendidas. Acredito que esta será uma divisora de águas entre as adaptações de jogos. Acredito que seus próximos episódios serão igualmente impecáveis. E acredito que estamos diante de uma das melhores séries de 2023.

Como não vou dar a opinião semanal por aqui (mas escrevendo sobre isso a ideia me parece interessante, nem que seja pelo menos publicar no Eixo XYZ), recomendo muito fortemente que a companhia da Isabela Boscov e do Michel Arouca no YouTube toda segunda-feira.

The Last of Us terá nove episódios. O último vai ao ar no dia 12 de março.

Na sexta edição da Nos Eixos, a newsletter do Eixo XYZ, também comento sobre algumas notícias da semana, relato como minha vida sem Instagram tem melhorado um pouco mais e te recomendo três coisas para ler, ver e ouvir esta semana, incluindo o impactante livro de memórias da Jannette McCurdy, intitulado Estou Feliz que Minha Mãe Morreu e o eufórico álbum Caprisongs de FKA twigs.

Leia na íntegra a Nos Eixos #6 e assine para receber uma edição por semana, toda terça-feira às 10 horas da manhã.