Planet of Lana (Demo): que a beleza visual seja transposta em sua narrativa

Este texto foi publicado originalmente na newsletter do Eixo XYZ.
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A primeira vez que vi algo relacionado a Planet of Lana foi durante o The Game Awards 2021. Aquele trailer espetacular em uma única sequência onde a câmera desliza pela paisagem árida do deserto enquanto a personagem avança desesperadamente pela tela fugindo de inimigos cada vez maiores e mais ameaçadores é épica. Tudo isso enquanto revela grandes estruturas fixadas ao solo, um claro céu azul e a silhueta de um grande planeta ao fundo contrastando com a intensidade da ação. A impressionante trilha sonora desenvolve o clima de perseguição com um tenso suspense. E o final me deixou com um enorme gosto de quero mais. Quero muito mais.

SINOPSE  Uma jovem e seu leal amigo embarcam em uma missão de resgate através de um mundo colorido, cheio de máquinas insensíveis e criaturas estranhas. Planet of Lana é uma aventura misteriosa e cinemática, emoldurada em uma saga de ficção científica que se estende através de séculos e galáxias.


Esse trailer de Planet of Lana é marcante, e é justamente isso que espero do lançamento do jogo. Confesso que tento diminuir minhas expectativas, mas graças aos materiais promocionais divulgados até agora essa não é uma tarefa muito fácil.

De 6 e 13 de fevereiro o Steam realiza o evento Vem Aí, onde diversas desenvolvedoras e publishers disponibilizam versões de demonstrações de seus jogos. E é assim que coloquei minhas mãos em Planet of Lana, que me deu ânimo o suficiente para escrever esta prévia e primeiras impressões.

A demo começa logo após o início do jogo, após a chuva de máquinas ter espalhado robôs dos mais diversos tipos por toda a superfície da região em que estou.

E a primeira impressão é fantástica. Ambos os personagens despertam após uma aparente queda na grama verde, revelando um ambiente extremamente detalhado, rico em vegetação e de natureza intocada. Então sigo para que o jogo possa apresentar suas mecânicas: posso andar, saltar e agachar, além de controlar um gato rechonchudo (ou um animal parecido) dando comandos para ficar e seguir.

Os quebra-cabeças iniciais são exatamente o que eu espero de um começo de jogo: nada muito elaborado para nos acostumarmos com o controle, mas bem elaboradas para que você não fique muito perdido e seja obrigado a que pensar pelo menos um pouco. Por ser muito curto, o trecho jogável não nos permite avançar para puzzles mais complexos que eu gostaria muito de ter tido a experiência.

SOBRE O JOGO  Um planeta que costumava ser um lugar de equilíbrio imperturbável entre humanos, animais e natureza tornou-se em algo completamente diferente. A desarmonia que se formava por séculos a fio finalmente chegou na forma de um exército sem rosto. Mas esta não é uma história sobre guerra. Esta é uma história sobre um planeta belo e vibrante, e sobre a jornada para mantê-lo assim.


A movimentação da personagem é impecável. Imediatamente me lembrou a naturalidade de Out of This World (ou Another World dependendo de qual versão você conheceu primeiro) atingida pela rotoscopia, o método de gravar o movimento em vídeo e animar o personagem por cima. A corrida, os saltos e quedas, as diferentes animações de escalar um obstáculo. Tudo muito bem feito.

Entre saltar aqui e acolá, subir uma corda ou outra, tirar uma madeira do caminho, puxar uma caixa ou um carrinho e mandar o gato ir para cima e para baixo, descubro que uns estranhos bichos cheios de tentáculos que vivem embaixo de pedras têm paladar aguçado para o gato, que já existe uma civilização que vive de forma respeitável com a natureza (utilizando painéis solares para gerar energia, imagino que seja a mesma civilização da personagem que controlo) e que os robôs que caíram dos céus não estão aqui para conversar amigavelmente sobre a longa viagem.

Durante todo o trecho de quase 20 minutos não há grande diversidade de ambientação, e eu não esperava isso, já que a paisagem verde é impressionante a cada momento. A natureza é quebrada por um breve momento quando passo por uma cratera recém-formada, indicando o perigo e a destruição que tais máquinas poderão causar.

A trilha sonora tem seus grandes momentos que brilha pelas composições de Takeshi Furukawa e é sutil em boa parte do tempo, o suficiente para que eu tenha notado o caminhar da personagem, os passarinhos cantando ao fundo e objetos interagindo com o cenário mais do que a música em si.

Logo no comecinho, quando passei por uma grande árvore torta e apreciei a beleza da composição de imagem, senti falta de ouvir o vento balançando as folhas e farfalhando a grama. Um pequeno toque que poderia adicionar mais imersão.

Depois de uma muito boa sequência em que precisei usar o gato como isca (coitado) para enganar rapidamente o robô, me deparo com mais uma belíssima paisagem digna das artes contemplativas de Simon Stålenhag (criador de Tales from the Loop, que ganhou uma sensível e impecável adaptação no Prime Video). Uma enorme máquina se destaca no horizonte. E isso não pode ser um bom sinal.

Torço para que o esforço colocado pelo estúdio Wishfully no visual de Planet of Lana seja refletido também em sua história, ritmo e equilíbrio entre ação, furtividade e quebra-cabeças (com momentos emocionantes, pelo que vimos no trailer). Se tudo isso estiver à altura de sua beleza, acredito que eu esteja diante de um dos meus jogos favoritos do ano. Capaz de me marcar tanto quanto Ori and the Blind Forest.

Planet of Lana tem previsão de lançamento para o terceiro trimestre de 2023 e será lançado para Xbox Series X/S, Xbox One e PC via Steam.

Para mim, esse é um dos jogos essenciais para se ter na conveniência da portabilidade do Nintendo Switch. Torço para que, em algum momento, chegue à plataforma.

E essa foi a primeira edição da Nos Eixos Preview, uma edição especial de primeiras impressões. Espero trazer mais conteúdo que me deixe tão animado assim para falar sobre e que vocês também possam gostar. Quero fazer um review de Planet of Lana quando o jogo sair este ano.

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